Mais de um bilhão de pessoas sofrem de enxaqueca em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo 30 milhões no Brasil. Subjetiva e desencadeada por diferentes fatores, a dor é uma experiência sensorial e emocional complexa que exige das equipes de saúde preparação e atendimento adequado ao paciente que apresenta esse tipo de queixa.
Em entrevista à Agência Brasil, a neurologista Tatiane Barros, membro da Academia Brasileira de Neurologia e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCE), diz que o paciente sofre de enxaqueca quando tem três ou mais dias de dor de cabeça por mês por, pelo menos, três meses consecutivos. A cefaleia é uma dor geralmente unilateral, latejante, acompanhada de náuseas, às vezes vômito, e incômodos com luz e barulho. “E é uma dor que não melhora com analgésicos comuns”, afirma a especialista.
Segundo a neurologista, quando a dor se repete com frequência de 15 dias ao mês já pode ser considerada enxaqueca crônica. A recomendação é que a pessoa não espere chegar a essa situação para procurar um especialista e iniciar o tratamento. “Hoje já existem tratamentos preventivos para evitar que a dor fique crônica e que essas crises venham”. Reforçou ainda que “não é normal ter esse tipo de dor”, revela Barros.
O tratamento preventivo inclui classes medicamentosas, como comprimidos e toxina botulínica, por exemplo, que visam evitar que a crise surja. “O medicamento preventivo é utilizado para diminuir a frequência, a intensidade e a duração das crises”, explica.
Ela alertou, por outro lado, que a automedicação deve ser evitada, porque o uso indiscriminado de analgésicos, em médio e longo prazo, pode vir a ocasionar um efeito rebote, disparando episódios de enxaqueca.
Segundo Tatiane, a enxaqueca pode ocorrer em qualquer pessoa, em qualquer idade, mas é mais comum em mulheres a partir da adolescência, quando a menina menstrua. “A idade mais frequente é a partir dos 18 ou 20 anos, até por volta dos 45 a 50 anos, e tem relação com o período hormonal”, revela.
A enxaqueca é uma causa importante de dor de cabeça e de duas a três vezes mais comum em mulheres, segundo curso da UNA-SUS/UFMA Cuidado em situações frequentes de dor. Sendo uma das causas que mais levam as pessoas a buscarem atendimento médico, a cefaleia é uma das principais queixas álgicas que ocorrem na Atenção Primária à Saúde.
“Sua causa ainda não é totalmente esclarecida, mas a hipótese mais aceita atualmente defende que o cérebro das pessoas que sofrem dessa doença é hiperexcitável a certos estímulos que provocam uma inflamação neuronal”, relata o professor-autor do curso, Caio Visalli Cunha, em material pedagógico.
Segundo ele, por se tratar de um quadro recorrente, é preciso que os profissionais estejam atentos e trabalhem na perspectiva da educação em saúde, prevenção de recorrência e até da autogestão dos medicamentos prescritos. “O trabalho em conjunto da equipe de saúde e da pessoa que sofre com enxaqueca pode ajudar na identificação dos gatilhos e na adaptação de rotina para evitar tais estímulos”, ressalta Cunha.
Com o objetivo de contribuir na qualidade da assistência e no fluxo de trabalho das equipes de saúde, a UNA-SUS/UFMA oferta o curso Cuidado em situações frequentes de dor. As matrículas são gratuitas, podem ser realizadas no site unasus.ufma.br e ficam disponíveis até 11 de agosto de 2023. A capacitação tem início imediato.
A capacitação enfoca os protocolos de cuidados, os critérios para encaminhamentos a outros níveis de atenção e os processos de identificação dos diferentes tipos de dor, assim como auxilia as equipes de saúde a realizarem o atendimento adequado diante de toda a complexidade relacionada a essas ocorrências.
Com carga horária de 30 horas, ofertado na modalidade a distância e sem a mediação de tutores, o curso aborda temas como: avaliação de risco e vulnerabilidades; identificação da relação com o trabalho e medidas de promoção e prevenção das situações frequentes de dor; conceitos, diagnóstico e tratamento das crises agudas de cefaleia, dor abdominal, otites, faringites, dor lombar e dor torácica.
O certificado é gratuito e emitido pela Universidade Federal do Maranhão – Instituição integrante da Rede UNA-SUS.
Texto: Maiara Pacheco, com informações do portal Agência Brasil.